Síndrome de Burnout: como prevenir essa doença que atinge muitas mulheres?


Não é incomum que as mulheres tenham que lidar com uma rotina cheia de pressão e se dividir para dar conta de diversas tarefas ao mesmo tempo: cuidar dos filhos, da casa, trabalho, lazer... 

O resultado de todas essas atividades acumuladas é que um dia, sem aviso prévio, a mente desliga e o corpo pede uma pausa obrigatória. E esse fenômeno de exaustão tem nome: Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional.

Segundo uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA), pelo menos 32% dos brasileiros sofrem com o Burnout, esse valor é igual a 33 milhões de pessoas. Ficamos somente atrás do Japão, cujo índice é de 70% da população. 

Com a pandemia, esses dados aumentaram ainda mais, seja pelo isolamento, pela falta de atividades de lazer, pelo grande número de afetados pela covid-19 ou, até mesmo, pelo regime home office, que mesmo que seja mais prático, acaba fazendo com que trabalhemos mais horas. Enfim, há muitas razões para nos sentirmos exaustos.

O que é a Síndrome de Burnout?

Criado pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger em 1974, o termo “burnout” significa a “queima completa” e ilustra muito bem o que acontece com o nosso cérebro quando fica sobrecarregado. A sensação é de esgotamento completo e de que sobraram apenas cinzas. 

Os sintomas mais comuns desta patologia são:

  • Lapsos de memória;

  • Dificuldade de concentração;

  • Ansiedade;

  • Depressão;

  • Faltas ao trabalho;

  • Agressividade e irritabilidade;

  • Falta de produtividade;

  • Pessimismo com relação às próprias perspectivas. 

Além desses sinais na saúde mental, o corpo também sofre com manifestações físicas de que algo não está certo, elas são:

  • Dores de cabeça e crises de enxaqueca;

  • Insônia;

  • Distúrbios gastrointestinais;

  • Dores musculares;

  • Sudorese;

  • Palpitação;

  • Pressão alta;

  • Crises de asma.

E, ainda, sofremos baixa no sistema imunológico e nos tornamos mais suscetíveis por causa do aumento de produção crônica de cortisol, conhecido como hormônio do estresse.

Home office e o esgotamento profissional

Muitas empresas adotaram permanentemente o regime home office e o que à primeira vista pode parecer simples e mais fácil, mas não é necessariamente assim. Trabalhar de casa pode ser uma armadilha para a saúde mental de quem não tem um bom planejamento e os limites entre expediente e horários de descanso se misturam. 

Muitos acabam trabalhando mais do que o normal, até porque a autocobrança por produtividade e a carga de estresse aumentam. A falta de contato humano também pode pesar nesse momento e novas formas de fadiga relacionadas ao trabalho já surgiram e um deles já foi batizado como “zoom fatigue” (referência a plataforma de chamadas de vídeo).

“Para compensar a distância, as reuniões online podem se tornar excessivas, se estendendo por mais tempo do que o normal. Esse tipo de interação é mais cansativo para o cérebro e pode aumentar os níveis de estresse”, aponta o endocrinologista Guilherme Renke.

Diagnóstico e tratamento

Mesmo com o crescimento no diagnóstico da Síndrome de Burnout, os números ainda não são necessariamente fiéis à realidade, por causa da dificuldade do diagnóstico. “Diante desse momento que vivemos, é esperado que haja um boom de transtornos mentais, inclusive de Burnout e Síndrome da Fadiga Crônica. Nesse cenário, os médicos que estão na linha de frente na luta contra a covid-19 podem ser os mais afetados”, pontua Renke. 

De acordo com o médico, é preciso um olhar atento do profissional de saúde, principalmente com relação à rotina de trabalho do paciente, já que os sintomas são facilmente confundidos com outros transtornos, como depressão e Síndrome do Pânico.

Depois de realizado a descoberta, o tratamento é realizado com antidepressivos e psicoterapia para potencializar o efeito dos medicamentos. Também pode ser indicado trocar de emprego e priorizar um estilo de vida saudável, mais regrado e livre de estresse.

Como prevenir-se?

Para ajudar você a se proteger contra essa disfunção da saúde mental, trouxemos algumas dicas, confira!

Se obrigue a dar um tempo

Antes da pandemia, era comum o estresse ser aliviado com happy hours ou, até mesmo, no tempo que se passava no transporte público ou trânsito, pois as pessoas eram obrigadas a parar. Agora, sem essa distração obrigatória ou casual, a consequência é um monte de gente perdendo a cabeça. Por isso, tire um momento para relaxar o corpo, aliviar o estresse e descansar a mente por completo. 

Sucesso não é sinônimo de sofrer

É uma crença comum que quanto mais nos sacrificamos, mais iremos ganhar. Muitas pessoas falam com orgulho sobre o tempo que está sem férias ou descanso e temos a tendência a sentirmos culpa por parar para relaxar. No entanto, isso não é verdade, é necessário compreender que a qualidade do seu trabalho também está presente nos momentos tranquilos que são ganhos com o tempo de experiência no ramo.

Liberte-se do medo

Muitas vezes, o resultado de um excelente trabalho é feito por medo de perder o emprego, pela necessidade de provar valor ou até pela necessidade de ser o melhor simplesmente por ter que ser o melhor. Mas, liberte-se dessa sensação, aproveite os momentos e invista na qualidade de vida.

Invista no autoconhecimento e em planejamento 

Apesar dos resultados negativos, a pandemia trouxe tempo para as pessoas se conhecerem melhor e aproveitarem a própria companhia. A consciência do autoconhecimento quando aliada a um projeto de vida, também consciente e planejado, pode ajudar a entender que não é trabalhar demais ou curtir a vida demais, são os dois em medidas corretas. 

Essas dicas são apenas pequenas ideias para você cuidar da sua saúde mental, mas o ideal é, se estiver se sentindo mal, procurar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra.

Crédito da imagem: PeopleImages

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